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desafioecologico

“Quando o último rio secar, a última árvore for cortada e o último peixe pescado, eles vão entender que o dinheiro não se come”. Chefe Índio - Seattle - 1855

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“Quando o último rio secar, a última árvore for cortada e o último peixe pescado, eles vão entender que o dinheiro não se come”. Chefe Índio - Seattle - 1855

 

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É um facto assente que sem insectos o homem não sobrevive. Embora muitos deles sejam propagadores de doenças, muitos outros são de extrema utilidade na polinização das árvores e plantas. Os herbicidas utilizados pelos agricultores para proteger ( na verdade muitas das plantas que os herbicidas matam não provocam qualquer malefício às culturas, são os grandes interesses dos produtores de herbicidas que manipulam os agricultores) as suas culturas, porque querem apenas que sobreviva a monocultura que plantaram. São consideráveis as quantidades de herbicidas que são utilizadas e também é considerável a área atingida. Disto , para além de contaminar os alimentos, ( há sempre vestígios de herbicidas nos produtos que compramos) também resulta o desaparecimento de numerosas plantas e insectos.Os insectos que delas se alimentam. Há ainda uma utilização abusiva de herbicidas quando se procede ao desmatamento químico para se introduzir uma monocultura.  É garantido que a diversidade biológica, já muito baixa nas monoculturas, é ainda diminuída pelos herbicidas, afectando não só insectos como também as aves e os anfíbios que deles se alimentam. Outro dos malefícios prende-se com a poluição dos lençóis freáticos, dos rios para onde escorregam os herbicidas levados pelas águas da chuva e que consequentemente chegam aos oceanos.

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A sociedade humana tem evoluído ao longo dos tempos, paradoxalmente chegou agora a uma curva que pode ser descendente, ou seja, se não respeitar a natureza, podemos caminhar para a nossa própria destruição. É preciso, por isso, criar uma nova sociedade, onde não deva apenas imperar o crescimento económico, mas sim, o crescimento do bem-estar. Para que isso aconteça, temos que melhorar a nossa relação com o ambiente, incrementar o acesso à cultura, à saúde e ao tempo de vida saudável. O crescimento económico melhorou as nossas condições de vida, mas também se transformou numa fábrica de lixos e de poluição. No futuro, já, temos que conjugar crescimento com ecologia, e colocar nos pratos da balança prós e contras de um crescimento sem regras. A nova civilização deve pois centrar-se no crescimento humano, no PIB da felicidade, e não numa civilização de objectos de consumo.

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Na natureza, a maneira normal como as árvores prosperam consiste em associarem-se numa floresta. talvez cada uma das árvores perca assim um pouco da perfeição do seu crescimento individual, mas todas se auxiliam mutuamente a fim de preservarem as suas condições de sobrevivência. O solo é protegido e recebe sombra, e os microrganismos indispensáveis à sua fertilidade ficam ao abrigo do sol, do gelo e do efeito da arrastamento das águas da chuva. A floresta é o triunfo da organização de espécies mutuamente dependentes.

Esta é a lição que nós humanos devíamos aprender e praticar. Defender e preservar o mundo natural através da cooperação entre homens e nações para defender o planeta.  Viver não pode ser sinónimo de destruí-lo.

Créditos - A.N. Whitehead o itálico é meu.

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No estádio totemista do pensamento (O totemismo é uma crença religiosa que utiliza o totem como elemento espiritual de adoração em que existe uma relação próxima e misteriosa entre um ser humano e um ser natural) Diké  (Divindade grega que representa a Justiça, também conhecida como Dice, ou ainda, Astreia. Filha de Zeus e Têmis, ela não usa vendas para julgar) a ordem natural e a ordem social, não são distintas, não são distinguíveis sequer. Plantas e animais fazem parte do todo e são elemantos da estrutura social dos homens. Não que os tomem sob sua protecção; mas são seus iguais, seus companheiros de tribo; obedecem, uns e outros, naturalmente, à mesma lei.

Os seres humanos não são particulares nem especiais nem únicos. Numa visão em que deixássemos de ser o centro do universo seríamos privados da nossa posição dominante enquanto seres vivos neste planeta. É um golpe vibrado no nosso ego colectivo, porque nós não somos os senhores da vida, empoleirados no piso superior da escala da evolução.

 

Créditos Jane Harrison e Edouard Goldsmith

 

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Temos o urgente desafio de proteger a nossa casa comum, o que inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.  A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção e recuperação do nosso planeta. Nos mais variados sectores da actividade humana, muitos estão a trabalhar para garantir a protecção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; os jovens taambém podem e devem ser a própria mudança . Como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos?
É urgente renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental  que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. O movimento ecológico mundial já percorreu um longo e rico caminho, tendo gerado numerosas agregações de cidadãos que ajudaram na consciencialização. Infelizmente, muitos esforços na busca de soluções concretas para a crise ambiental acabam, com frequência, frustrados não só pela recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As atitudes que dificultam os caminhos de solução, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos de nova solidariedade universal. Como disseram os bispos da África do Sul, «são necessários os talentos e o envolvimento de todos para reparar o dano causado pelos humanos ». Todos podemos colaborar, como instrumentos de salvação, no cuidado da criação e na preservação do planeta. Cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativa e capacidade.

Créditos - inspirado na encíclica Laudato si do Papa Francisco

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A cidadania ecológica começa pela compreensão do impacto ecológico das acções pessoais. Pela reflexão de como as pessoas se identificam com a natureza e pela aprendizagem de como se podem minimizar os efeitos das nossas acções sobre a natureza. Ao estarmos cientes do que é a cidadania ecológica podemos avançar para um novo conceito que é a responsabilidade ecológica. A responsabilidade ecológica por sua vez no insere-se no termo de recurso de propriedade comum. O ar que respiramos ou a água que consumimos são exemplos de recursos de propriedade comum. Quando acampamos ( por exemplo) à beira de um rio de águas límpidas, pode parecer absurdo que os restos da nossa comida possam prejudicar o ambiente, só que se ao longo do rio estiverem várias pessoas a acampar e a deixar ficar os seus restos de comida ou embalagens, tudo isso acumulado traduz-se numa forma de conspurcar o ambiente, de facto, devemos lembrar-nos que não estamos sós no mundo. Finalmente, estamos a assistir àquilo que se chama a tragédia dos usos comuns; a poluição dos rios e doa oceanos, a deterioração da qualidade do ar, a erosão dos solos, o esgotamento da pesca, o consumo exagerado dos aquíferos subterrâneos, etc, são exemplos da falta de cosnciência ecológica e também falta de poder político para gerir com eficiência estes recursos.

Créditos - inspirado em Mitchell Thomashow

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A ecologia ascendeu à categoria de disciplina académica. A tomada de conscência do facto dos organismos vivos não serem governados pelo acaso, mas, pelo contrário, se organizarem de maneira a formar comunidades, cuja estrutura e função não podem compreender-se mediante o exame separado das partes. O termo ecossistema foi criado por Arthur Tansley (nos anos trinta do século passado), um ecologista de Oxford, e designa a comunidade com o seu ambiente. Já para Barrington Moore, o primeiro presidente da American Ecology Society (AES), a ecologia não era mais uma disciplina cientifica, mas uma ciência que coroa as outras ciências, a ciência da sintese essencial à nossa compreeensão da biosfera (a biosfera é o agrupamento de todos os elementos naturais que favorecem e dão condições para a manutenção da vida no planeta. A “esfera da vida” ou biosfera é constituída por três elementos naturais de extrema importância para a vida na Terra, nesse caso estão a hidrosfera, atmosfera e litosfera). Já em 1919 numa reunião da AES, perguntava aos seus membros; «Contentar-nos-emos como sermos, cada um de nós pelo seu lado, zoólogos, botânicos ou agrónomos sem compreeendermos bem os problemas com que deparamos, ou tentaremos tornar-nos ecologistas no sentido pleno do termo? O nosso papel na ciência dependerá da resposta que dermos a esta pergunta. O futuro está nas nossas mãos.»

Pois, parece que desde 1919 nada aprendemos. Tivemos o futuro nas mãos, agora está a fugir-nos tanto o futuro como o planeta.

Créditos Edouard Goldsmith e internet

Nota - o itálico é meu.

Curiosamente este povo que era considerado atrasado, estava e está centenas de anos mais avançado que nós em termos de respeito pela natureza.

«É que descobrimos, entre os Zunis (Os Zuñi (ou Zuni) são uma dentre as diversas tribos de nativos norte-americanos; são nativos do Novo México e são parte dos chamados pueblos. Atualmente, existem 12 mil índios zuni e eles são notáveis pela sua mitologia), uma verdadeira ordenação do universo. Todos os seres e todos os factos da natureza, «o sol, a lua, as estrelas, o céu, a terra, o mar, com todos os seus fenómenos e todos os seus elementos, os seres inanimados do mesmo modo que as plantas, os animais do mesmo modo que os homens, encontram-se classificados, etiquetados, afectados a um local determinado num sistema único e solidário cujas partes se encontram, coordenadas de  acordo com os seus graus de parentesco».

Para este povo, tudo e todas as coisas estão conectadas entre si, e o homem não é mais que um elemento da natureza.

Créditos - Émile Durkhein ( 1858 - 1917) e Marcel Mauss (1872  - 1950)

Mito da Criação dos Zunis

“Os primeiros humanos vieram de quatro cavernas situadas no submundo, um lugar conhecido como Regiões Baixas. Naquele tempo, a superfície da Terra era um lugar assustador: estava coberta de água, era abalada por grandes terremotos e repleta de bestas predadoras.
 
Os Filhos do Sol, com pena dos humanos, secaram e solidificaram a Terra com suas flechas de luz. Ao tocar os animais, essas flechas os encolhiam e transformavam-nos em pedras. Os animais que conseguiram escapar são os ancestrais dos animais de hoje.”
 
É interessante notar como esse mito parece razoavelmente correto ao falar que a Terra primitiva era um lugar cheio de água (os oceanos eram maiores), com grandes terremotos e com grandes feras indomáveis (não necessariamente dinossauros; os primeiros homens deviam pensar o mesmo de todos os animais até que aprenderam a domesticar alguns). Além disso, diz o conto que os primeiros homens viveram em cavernas “no subsolo”.
 
Cabe perguntar se esses animais transformados em pedra não seriam fósseis descobertos por acaso. Se sim, aí é até provável que os dinossauros fossem aquelas “bestas predadoras”.
 
 
Créditos - Renato Pincelli


Invocamos a Terra, nossa morada, os seus maravilhosos abismos e as suas fulgurantes alturas,
a sua vitalidade e a sua profusão viva, e todos reunidos lhe pedimos
que nos ensine e nos mostre o Caminho.


Invocamos as montanhas, as cascatas e os Olimpos, os altos vales verdejantes e os prados
cobertos de flores bravas, as neves eternas, os cumes silenciosos, e pedimos-lhes
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


Invocamos as águas que cobrem a Terra de horizonte a horizonte, as águas que correm nos
nossos rios e nas nossas ribeiras, que caem nos nossos hortos e nos nossos campos, e
pedimos-lhes
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


Invocamos o chão que faz crescer o nosso alimento, o solo que nos nutre, os campos férteis,
os jardins e pomares abundantes, e pedimos-lhes
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


Invocamos as florestas, as grandes árvores que se arrojam poderosamente na direção do
firmamento, as suas raízes na terra e os seus ramos no céu, o pinheiro, o abeto e o cedro, e
pedimos-lhes
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


Invocamos as criaturas dos campos, das florestas e dos mares, os nossos irmãos e irmãs, o
lobo e o veado, a águia e a pomba, as grandes baleias e o golfinho, a magnífica orça e o
salmão que compartilham a nossa pátria do Noroeste, e pedimos-lhes
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


Invocamos todos os que viveram na Terra, os nossos antepassados e os nossos amigos, que
sonharam com o bem das gerações futuras e cujas vidas construíram as nossas vidas, e
pedimos-lhes agradecidos
que nos ensinem e nos mostrem o Caminho.


E por fim invocamos o que temos de mais sagrado, a presença e a força do Grande Espírito de
amor e de verdade que banha todo o universo... e pedimos-lhe que esteja conosco
para nos ensinar e mostrar o Caminho.

Os Chinook

Os índios Chinook eram vários grupos de tribos nativas da costa noroeste da América, que falavam o Chinookan. Esses índios americanos tradicionalmente viviam ao longo do rio Columbia no que é hoje o estado de Oregon e Washington.

Eles eram grandes pescadores e comerciantes, alimentados com os produtos do rio e do oceano e construíram suas casas de tábuas e canoas construídos de cedros vermelhos.

Muitos itens de sua roupa também eram feitos da casca de cedros. Chinook usado tatuagens para decorar suas peles e as cabeças de acordo com os costumes de seu povo e a aparência física fez com o apelido de "Flatheads" ou cabeças planas.

Os Chinooks eram pessoas amigáveis, inofensivas e naturalmente curiosas. O Chinook ergueu totens, que foram esculpidos com animais que simbolizavam seus espíritos guardiões.

 

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Vou hoje falar de um modelo belo e motivador. O seu nome e o seu exemplo podem servir de guia e inspiração, para os problemas ecológicos que enfrentamos. Francisco de Assis é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. É o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos. Manifestou uma atenção particular pela criação de Deus( isto para os crentes) e pelos mais pobres e abandonados. Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal. Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo. Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior.

O seu testemunho mostra-nos também que uma ecologia integral requer abertura para categorias
que transcendem a linguagem das ciências exactas ou da biologia e nos põem em contacto com a
essência do ser humano. Tal como acontece a uma pessoa quando se enamora por outra, a reacção
de Francisco, sempre que olhava o sol, a lua ou os minúsculos animais, era cantar, envolvendo no
seu louvor todas as outras criaturas. Entrava em comunicação com toda a criação, chegando mesmo
a pregar às flores «convidando-as a louvar o Senhor, como se gozassem do dom da razão». A sua
reacção ultrapassava de longe uma mera avaliação intelectual ou um cálculo económico, porque,
para ele, qualquer criatura era uma irmã, unida a ele por laços de carinho. Por isso, sentia-se
chamado a cuidar de tudo o que existe. São Boaventura, seu discípulo, contava que ele, «enchendo-se da maior ternura ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas –
por mais desprezíveis que parecessem – o doce nome de irmãos e irmãs». Esta convicção não pode
ser desvalorizada como romantismo irracional, pois influi nas opções que determinam o nosso
comportamento. Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a
admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação
com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero
explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos. Pelo
contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo
espontâneo a sobriedade e a solicitude. A pobreza e a austeridade de São Francisco não eram
simplesmente um ascetismo exterior, mas algo de mais radical: uma renúncia a fazer da realidade
um mero objecto de uso e domínio. Por outro lado, São Francisco, fiel à Sagrada Escritura, propõe-nos reconhecer a natureza como um livro esplêndido onde Deus ( para os que acreditam n`Ele ou o Mistério ou ainda a própria natureza só por si, para os não crentes) nos fala e transmite algo da sua beleza e bondade: «Na grandeza e na beleza das criaturas, contempla-se, por analogia, o seu Criador»  e «o que é invisível n’Ele – o seu eterno poder e divindade – tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo,  nas suas obras». Por isso, Francisco pedia que, no convento, se deixasse sempre uma parte do horto por cultivar para aí crescerem as ervas silvestres, a fim de que, quem as admirasse, pudesse elevar o seu pensamento a Deus, autor de tanta beleza. O mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor, mas que infelizmente nos esquecemos de respeitar. É claro que não vamos agora ser todos místicos ou eremitas, vivemos numa sociedade que nos monopoliza, contudo  podemos e devemos despertar para estes exemplos de respeito pela natureza. Se todos fizermos um pouco diariamente, de certeza que teremos um mundo melhor.

Nota - o itálico é meu.

Créditos - encíclica Laudato si de Papa Francisco

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